(19) 9 9717-1771
A Stomacares é a realização de um sonho de longa data e a forma que encontramos de proporcionar um atendimento técnico, qualificado e com todo o carinho e a dedicação que sempre sonhamos em levar aos nossos pacientes.
Enfermeira com formação na PUC- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- Campus Sorocaba com Especialidade em Obstetrícia, Pós Graduação em Administração Hospitalar pela São Camilo e Estomaterapia pela Universidade de Campinas- UNICAMP, com título na Sociedade Brasileira de Estomaterapia (SOBEST).
Minha trajetória iniciou na especialidade em Obstetrícia na assistência ao parto, mãe e recém nascidos e por força maior em pediatria também, desde 1984 até 1997 como parte de minhas atribuições me deparava com situações dolorosas de pacientes com feridas agudas nos pós cesárias e crianças ostomizadas e com feridas na Pediatria, e na época usávamos para tratamento e proteção da pele periestoma clara de ovo, os dispositivos eram frágeis e vazava, isto significava muita dor. Assim, além do sofrimento físico, era intenso o sofrimento psicológico da família e equipe.
Os curativos não surtiam efeitos desejados e as trocas muito dolorosas e com alta frequência porque ficavam muito molhados, a cicatrização era um processo prolongado e sofrido, e não tínhamos a tecnologia que dispomos hoje.
Em 1990 conheci uma criança com epidermólice bolhosa com a idade de 2 anos e que nunca havia saído de um Hospital desde que nascera, na época exercia o cargo de Diretora de Enfermagem Materno Infantil do Conjunto Hospitalar de Sorocaba e estava envolvida em gerenciamento, treinamentos e cursos para melhoria da assistência de enfermagem materno infantil. Um dia, os gritos e choro vindos da Pediatria durante as trocas de curativos me emocionaram, e passei a me dedicar aos seus curativos pessoalmente e realizei muitos estudos até chegarmos a uma decisão em equipe multiprofissional a substituição das gazes de Furacin, usado antigamente em queimaduras, para a cambraia ( fino tecido de algodão) embebido em óleo de amêndoas e enfaixamentos de todos os membros e tórax, evitando a aderência do curativo, facilitando a troca; e o processo doloroso diminuiu bastante para alívio da criança, conseguimos a melhora de seu estado geral e obter alta em alguns meses, e sua mãe passou a cuidar das feridas , ela foi treinada me ajudando a fazer os curativos do filho no hospital, e muito feliz por estar cuidando de seu filho com essa terrível doença de pele crônica, de caráter genético e irreversível.
Em 1997 deixei a Obstetrícia e assumi a Clínica Médica e Cirúrgica do Hospital Dório Silva no Espírito Santo, Vitória, assumi o desafio da assistência de curativos complexos, queimaduras, feridas agudas e crônicas e indagava que poderia existir algo melhorar para os cuidados destes pacientes, realizei muito a limpeza e desbridamento de feridas agudas e crônicas, mas o protocolo padronizado eram pomadas antimicrobianas e soro fisiológico, seguia o processo demorado e doloroso de cicatrização, com presença de odores desagradáveis, constrangedora aos pacientes.
Em 1998 por visualizar tanto sofrimento e muitas frustrações por não ter condições de adquirir o conhecimento necessário para intervir adequadamente como gostaria, assumi a Coordenação de uma Unidade de Diagnóstico por Imagem aplicando as melhores práticas nos cuidados de materiais e equipamentos médicos principalmente em Hemodinâmica Intervencionista em Cardiologia, Vascular Periférico e Neurologia, os cursos e viagens de aprimoramentos e aperfeiçoamento eram ofertados pela Instituição.
Por este aprendizado e experiência em Hemodinâmica Intervencionista fui convidada a participar da implantação e treinamento da equipe de enfermagem em Hemodinâmica de um Hospital do Interior de São Paulo, tive contato com muitos pacientes com deficiência vascular e feridas com indicação de amputação de membros, e refletia sobre minha paixão em tratamento de feridas e se não haveria alguma possibilidade de colaborar com a equipe para diminuir esta incidência diante do processo tão doloroso.
Algum tempo se passou, retomei os estudos em feridas como uma especialidade, após visitar em 2007 o meu querido ex-paciente comprometido com epidermólise bolhosa, agora com 20 anos de idade, e observei que continuava com a prescrição de óleo de amêndoas, o mesmo procedimento em anos de curativos, fui em busca de estudos pela diversidade de tecnologias existentes e acreditava que precisaria de pessoas especialistas para o meu aprimoramento, e pesquisei cursos e me envolvi com a Estomaterapia no III Workshop de Estomaterapia do HES UNICAMP em novembro de 2007.
Em 2008 me inscrevi para a segunda turma de Estomaterapia da UNICAMP e feliz com o conteúdo do programa que abrangia as três áreas do conhecimento que eu esperava aprimorar e desenvolver, o tratamento de feridas e estomas com as diversas tecnologias, mas foi muito além das minhas expectativas, incluía a reabilitação em incontinências, e o manejo aprimorado de drenos, cateteres, uma área tão delicada que merece o foco da nossa atenção para proporcionar melhor qualidade de vida à pessoa.
Em 2008, aprovada em 2 concursos públicos em um Hospital Geral do SUS em Americana –SP e Prefeitura de Valinhos, atuei na Clínica Médica e Cirúrgica e na equipe do Programa do Doente Acamado, consecutivamente, ambos do sistema público
Concomitantemente aos estudos na Especialização em Estomaterapia assumi o desafio de participar do Grupo de Curativos destes serviços, desta feita, rever e implantar o Protocolo de Curativos, introduzindo, treinando as equipes e aplicando as inovadoras tecnologias existentes, ajustando ações e estratégias para melhores condições de vida para pessoas com estomas, feridas e incontinências e seus familiares/cuidadores.
Os bons resultados foram aparecendo, chamando atenção a prática realizada em 2 pacientes com Síndrome de Fornier, que obtiveram alta hospitalar por volta de 30 dias de hospitalização, pelos esforços de toda a equipe cirúrgica e de enfermagem, e da administração da época por financiar a inovação tecnológica que proporcionou satisfação dos clientes pelo manejo as trocas de curativos.
Em meados de 2009 até 2015, tive o privilégio de optar exclusivamente pela assistência domiciliar na equipe do Melhor em Casa de Valinhos, com foco na atenção de cuidados gerais de enfermagem, em feridas, estomas e incontinências, e também coordenar e prestar assistência de enfermagem ao Grupo de Estomizados, auxilia-los na reabilitação e nos cuidados de prevenção e proteção de pele perístoma, fornecendo os equipamentos mais adequados.
Momento muito feliz e emocionante para mim, foi o dia 12 de novembro de 2017, no XII Congresso Brasileiro de Estomaterapia, em Belo Horizonte, MG, onde recebi o meu título de especialista ( TiSOBEST) da Presidente da SOBEST, Professora Maria Angela Boccara de Paula.
As atividades exercidas na Estomaterapia dão estímulo e satisfação para continuar desenvolvendo, compartilhando conhecimentos científicos e investindo nessa especialidade em crescimento em nosso país visando a melhoria da qualidade de vida da pessoa sob seus cuidados.
